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18/04/2018
Nos caminhos da leitura
Brunna Maria - Secom/Câmara de Cuiabá
Cassyra Vuolo
Livros que fazem viajar, viajam pelas mãos de Clóvis Matos desde 2005 pelos menos, Cuiabá à fora, Mato Grosso à dentro. Embarcados no Projeto Inclusão Literária – leitura e cidadania, alcançam leitores das periferias da Capital,  cidades do interior, cafundós do cerrado e do pantanal. Unem mundos distantes pelas linhas de páginas que emocionam e ensinam, chaves que abrem universos.

“Quando chego e lhes entrego livros, ficam fascinados a ponto de afirmarem que muito do que sabem hoje, aprenderam nos livros que levei”, revela Clóvis. O Inclusão Literária parte a bordo de um automóvel e sai por aí, em busca de um destino, ou então, em atendimento a um chamado. No início era uma Kombi, depois uma caminhonete, em dezembro de 2017, recebeu de um programa semanal de televisão um automóvel reformado, para tocar o projeto. Mas esse não é a maior recompensa.  “A grande recompensa é quando vejo uma criança de 8, 10 anos trocar um brinquedo por um livro”, entrega.

Ele também realiza o Papai Noel Pantaneiro. Na natal, vestido a caráter, entrega um pacotinho contendo um brinquedo e um livro para crianças de comunidades do alagado. “Dizem que brasileiro não lê, mas o brasileiro não tem é acesso a livro”, observa Clóvis. Essa constatação foi um ponto de partida para criação do projeto. Naquele ano, ele trabalhou como Diretor de Marketing de uma rede de livrarias e criou um espaço onde a clientela podia folhear livros, ler algumas páginas e decidir pela compra. Mas as pessoas optaram por ler os livros dia após dia, em poucas páginas, porque não podiam comprar. Então raciocinou: se quem frequenta shoppings e o centro da cidade não tem dinheiro para livros, as pessoas das periferias muito menos. E assim partiu para sua aventura: livros 100% gratuitos.

Tudo começou com sua biblioteca pessoal, que tinha cerca de 2500 obras, atualmente trabalha com doações e já realizou centenas de visitas com milhares de entregas, a um número incontável de crianças, jovens, adultos, pois não anota, nem faz cadastro. Nada é cobrado, nada é pedido. 

Com esse sistema, o Inclusão já foi chamado para a Bienal do Livro do Recife, capital de Pernambuco, onde foi atração, sendo entrevistado por jornais e redes de televisão nacional. Isso deu grande visibilidade ao projeto, resultando em convite para ir ao Peru, participar de uma feira internacional no país andino, o que deve acontecer em breve.

Andanças de um leitor apaixonado

Clóvis nasceu em São Gonçalo do Abaeté, interior de Minas Gerais, numa família de 8 irmãos. Foi para Uberaba, Triângulo Mineiro, depois, com a família, mudou-se para Goiás, São Luís de Montes Belos, em seguida Iporá, cidadezinha goiana onde viveu a infância e teve os primeiros contatos com o mundo da leitura. 

Seus pais eram proprietários de um hotel que hospedava estudantes da Universidade de Brasília, nos fins de ano. Quando partiam os jovens deixavam jornais e livros que levavam para ler. “Assim começou o contato com os livros e jornais. Era finais da década de 60, então conheci O Pasquim, O Movimento, publicações politizadas que os alunos liam”, conta.

Nessa época leu o livro que considera dos mais importantes para sua história de leitor apaixonado: Cem anos de solidão, obra que anos mais tarde renderia o Prêmio Nobel de Literatura ao colombiano Gabriel Garcia Marques.

Em Goiânia, a capital do estado, cursou o ensino médio, então 2º Grau, e aterrissou em Cuiabá para cursar Engenharia Elétrica na UFMT, era ano de 1976. Com diploma nas mãos, ingressou para o quadro de funcionários da universidade mas, já atingido pelo veneno da cultura, entrou para o curso de História, passando a dedicar-se inteiramente à pesquisa das coisas e das gentes de Cuiabá e do Mato Grosso.

Foi Coordenador de Cultura da UFMT por cinco anos, Secretário de Cultura do Estado de Mato Grosso, nos anos 90. Hoje aposentado, dedica-se aos livros, à família com duas filhas e uma netinha.

SECOM – CÂMARA DE CUIABÁ
ASSESSORIA DE IMPRENSA



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