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04/03/2021
Tribuna livre discute situação da mulher negra
Reprodução
As condições econômicas e sociais da mulher negra foram tema da Tribuna Livre na sessão ordinária da Câmara Municipal de Cuiabá nesta quinta-feira (4) por meio da participação da coordenadora do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune), Antonieta Luisa Costa. Ela compareceu a convite da vereadora Edna Sampaio (PT).

Há mais 50 milhões de mulheres negras no país, acima de um milhão em Mato Grosso e cerca de 180 mil na capital. Elas são parte expressiva da população, mas possuem baixa representatividade, uma das consequências das opressões de gênero, raça e classe.

Segundo Antonieta, a falta de conhecimento sobre a diversidade étnica prejudica a proposição de políticas públicas que atendam às peculiaridades e diferentes realidades existentes.

“Mesmo nós, mulheres negras, somos diferentes, então temos que trabalhar na perspectiva da diferença. Eu, Antonieta, mulher preta, moradora da cidade, não sou igual à minha irmã que mora no quilombo, que para acessar a saúde, a educação tem que andar quilômetros”.

Ela avaliou positivamente a iniciativa dos vereadores em debater o tema e propor medidas efetivas. “O começo de tudo é nós entendermos que vivemos numa sociedade machista e patriarcal e é legal escutar homens, escutar nossas lideranças que estão aqui disponíveis, que querem pensar numa perspectiva de uma política pública que vai mudar a realidade, porque senão a gente vai estar todo ano discutindo sobre as mesmas coisas no mês da mulher em algumas datas comemorativas”.

Ela destacou que as mulheres negras são maioria entre as vítimas de violência e falou sobre sua vivência pessoal.  Pedagoga e geógrafa, avaliou positivamente a criação da Secretaria da Mulher na estrutura da gestão municipal e lamentou que estes espaços tenham sido extintos na administração estadual, salientando sua importância.

“Precisamos (a partir do momento que instituímos espaços de diálogo, de busca de inclusão e perspectivas de melhoria da qualidade de vida desse grupo de gênero) fazer com que ele atue de maneira significativa, de maneira com que as políticas públicas continuem, porque a gente não pode mais fazer política de eventos, não temos tempo para isso, nossas vidas importam”, disse ela.

A vereadora Edna Sampaio agradeceu o espaço aberto para a discussão, e informou que realizará audiência pública sobre o tema na Câmara Municipal, ainda este mês. “É importante trazer para esta casa a temática das mulheres negras, temos muitas iniciativas que estamos construindo para poder dialogar com o município as políticas necessárias para população negra, que tem sofrido muito nessa pandemia. Queremos debater a questão racial e as consequências da desigualdade racial no nosso município”, disse a vereadora.

Neusa Baptista Pinto | Assessoria de Comunicação Vereadora Edna Sampaio



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